Memórias de Ilustres Desconhecidos #27 (30/03/2022)

“Nasci no hospital São João na Lousã. Eu era do Catarredor. Andei na escola do Talasnal, tínhamos de atravessar o pinhal. Para o lanche levava sardinha assada fria e sabia-nos às nozes. Comecei a trabalhar pequena, não me lembro da idade, mas ia apanhar lenha e roçar fetos para trazer para os animais. Ia eu e as minhas vizinhas. Depois comecei a vir à Lousã, com um cesto e vinha comprar comida, gastava 100 escudos, mas levava o cesto cheio. Às vezes ia e vinha de camioneta, mas ia de manhã e só vinha à noite. Era mais quando o meu pai também ia. Quando ia sozinha, ia a pé, ia parando e descansando.

Onde é agora o Burgo existia uma moleira, que era a Ti Zézita e trocava o milho por farinha. Quando vinha para baixo trazia dois alqueires de milho e para cima a farinha. Todas as semanas cozíamos broa. A primeira vez que cozi correu tudo bem e estava muito bonita, mas esqueci-me do sal, andamos a comer a broa insossa.

Casei com vinte e cinco anos (…). Depois do nascimento dos meus filhos, comecei a trabalhar como empregada doméstica e tive sempre essa profissão até me reformar, aos cinquenta anos por invalidez, devido a problemas de saúde.

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